Um dos paradigmas
gerenciais, que felizmente está indo por água abaixo na sociedade do
conhecimento, é o famoso “informação é poder, e por isso eu não a divido com
ninguém”.
Nunca acreditei muito
nessa lorota, mas agora o fracasso dessa postura está ficando mais evidente.
Minhas impressões
sobre cinco dos porquês, que podem explicar essa virada:
1. Informação
antes era estoque, agora é fluxo. Como quase tudo atualmente, o ciclo de vida
de uma informação é curtíssimo. Assim, um gerente à moda antiga pode pensar que
está guardando uma mina de ouro, quando na verdade, ao abrir a gaveta,
encontrará apenas traças;
2. Na era da internet e das mídias
sociais, os gerentes passam a ser avaliados por suas relações. Quem não troca
informações não cresce profissionalmente e passa a marcar passo na carreira.
Cada vez mais as organizações, ao recrutarem novos profissionais, observam,
além do curriculum tradicional do pretendente, sua presença no mundo virtual,
representada por postagens em blogs, participação em fóruns técnicos, inserção
em redes sociais, entre outras. Quanto mais “estrelinhas” o gerente conquistar
nesse universo, maior será sua chance de sucesso profissional;
3. As organizações contemporâneas esperam
de um gerente que ele seja muito mais do que um mero guardador de informações,
estimulando a geração continuada de conhecimento, que, como já sabemos, é o
único insumo que só se multiplica quanto é dividido. Como participar desse
ciclo, sem trocar figurinhas o tempo todo?
4. As novas gerações, hiperconectadas, ao
ingressarem no mercado de trabalho trazem dentro de suas cabeças novos modelos
mentais, centrados na colaboração e na cocriação, e acham esquisito quem não age
assim. Um gerente que não tenha a humildade de rever suas práticas irá, com o
passar do tempo, estreitando seus horizontes;
5. Com o
crescimento das incertezas e da natureza complexa dos problemas a serem
tratados nas organizações, nenhuma especialização sozinha consegue articular
soluções efetivas. O jeito é buscar outras visões com as quais se possa
aprender e ensinar. Observe que, hoje, projetos complexos só vão para frente
quando idealizados, construídos e implantados sob uma abordagem transdisciplinar.
Abandonar paradigmas que prevaleceram por tantos e
tantos anos não é tarefa fácil para nenhum de nós, o que, entretanto, não nos
exime de tentar novos caminhos. Mesmo que os primeiros quilômetros possam ser
angustiantes, aos poucos essa sensação irá sendo trocada por uma bela
“paisagem”, que, neste caso, simboliza a confiança reconquistada.
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