Implementar um programa de gestão
do conhecimento nas organizações, independente de tamanho ou setor, não é
tarefa simples. Nas salas de aula e nos ambientes de trabalho, com raras e
honrosas exceções, não somos estimulados a agir proativamente e a criar e
compartilhar conhecimento.
Escolas e empresas, moldadas que
foram pela era industrial, privilegiam a obediência inconteste e a
especialização extremada. A produção de conhecimento, neste modelo, é atribuição
de uns poucos cérebros iluminados, situados na parte de cima dos organogramas,
que os repassa, sob a forma de tarefas, para os demais funcionários.
A incipiente era do conhecimento
possui, no entanto, outros valores e paradigmas, que são, a princípio, como é
comum em momentos de mudança, mal compreendidos, subestimados, ridicularizados
ou, até mesmo, nos casos mais agudos de cegueira organizacional, simplesmente
ignorados.
Com o passar do tempo e com o aumento
do fracasso de métodos tradicionais que sempre deram certo, a questão do
conhecimento vai, de mansinho, entrando na pauta das empresas, ainda que nem
sempre - na verdade quase nunca - isto ocorra pela porta da frente.
Nas frestas abertas para o exame
da questão do conhecimento, percebo que o primeiro problema a ser enfrentado é
dirimir a confusão ainda hoje muito presente, entre gestão da informação e
gestão do conhecimento.
Se pudéssemos transformá-las em
pessoas, veríamos que, embora parentes próximos, primos irmãos eu diria, a informação
e o conhecimento possuem personalidades bem diferentes, merecendo, por isso
mesmo, tratamento bem distinto.
A informação é desconfiada, disciplinada,
pragmática, rigorosa, gosta de tudo bem certinho, não é muito dada a improvisações.
Se pudesse falar, repetiria coisas do tipo: Pão pão, queijo queijo. Quem espera
sempre alcança. Anda, sempre, com a tábua de logaritmos debaixo do braço.
O conhecimento ao contrário, arrisca
mais, é abusado, irreverente, distraído, tem certa dificuldade de expressão.
Lembraria, se pudesse se manifestar, ditados tais como: Errando é que se aprende. Agora,
Inês é morta. Seu livro de cabeceira é “Dom Quixote” de Cervantes.
Voltando para o plano
organizacional, desconsiderar essas diferenças impede a implantação de
programas sérios de Gestão do Conhecimento e frusta aqueles que buscam, apenas,
um bom projeto de Gestão de Informação.
Na próxima postagem, à luz dessas
peculiaridades, mostrarei os requisitos e os impactos de uma e de outra ação
sobre os principais recursos e dimensões organizacionais.
Até lá, caro leitor, peça aos
dois para não brigarem.
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