Em 2005, o Governo do Estado de São Paulo lançou os guias de usabilidade e de acessibilidade dirigido aos órgãos públicos que, embora já necessitem alguma atualização, trouxeram ao Estado a importância do tema com uma proposta de recomendações a serem adotadas em fase projetual de produtos web.
Podemos ler nesses guias, e em de outros autores, indicações que vão além dos princípios para a correta arquitetura de informação ou da adaptação de páginas para a leitura de softwares adaptativos e tecnologia assistiva. É comum a abordagem da linguagem clara, eliminando siglas e termos técnicos, jargões da esfera pública que podemos chamar de "governês".
Sempre um problema, o tal governês é quase uma ameaça ao cidadão, dificultando qualquer interface com o governo, seja presencial ou virtual, física ou digital. Por outro lado, o governês dá ao funcionalismo uma certa autoridade, como se o conhecimento daquele intrincado idioma representasse um domínio sobre os seres não letrados que, ao ouvirem um conjunto de siglas, nomes de formulários e processos, sentem que o mundo da administração pública é complexo e distante.
Há muito tempo que falamos sobre essa barreira, mas nem por isso a resolvemos.
Em outubro de 2010, o Presidente Obama assinou o ‘‘Plain Writing Act of 2010’’, que obriga toda a administração pública federal a usar clara comunicação, de modo que o público possa entender e usar aquilo que é oferecido pelo governo.
Depois, em janeiro de 2011, o presidente americano publicou a ordem executiva 13563 "Improving Regulation and Regulatory Review", um documento muito bem escrito sobre os princípios regulatórios de "porquê e como" deve a administração pública abolir o governês. Para completar, discutir e capacitar os comunicadores e legisladores, o governo dos EUA lançou o Plain Language Gov, um site referencial, com uma riqueza de conceitos, exemplos e modelos de escrita com o cidadão que é de ter inveja.
Temos a considerar também que a linguagem clara e plena é uma ação de transparência e facilita a participação e colaboração do cidadão com o seu governo.
POST POST: Por fim, coloco a seguir uma excelente apresentação de Sandra Fisher-Martins, no TEDxPorto, sob o título O Direito a Compreender:
Comentários
Sim, é uma luta esta de abandonarmos o governês e utilizarmos linguagem de fácil compreensão para o chamado "cidadão comum". Tenho tido muitas discussões como esta nos projetos de "Guia de Informações". Por outro lado, há uma questão a ser discutida: não caberia também aos servidores públicos capacitar os cidadãos para a compreensão dos jargões burocráticos? Veja, se abolirmos todas as siglas quando o cidadão se deparar com uma delas, não vai compreender o significado. Penso que saída não é nem tanto o mar, nem tanto a terra, pois os documentos (IPTU, ISS, ITBI etc) continuariam com as denominações técnicas. É uma boa discussão.
um grande abraço,
Vera Tokairim
Pois é justamente essa abordagem que é dada no site do governo americano, que indico no post acima. A adequação de linguagem começa por eliminar a complexidade, sem abuso vernacular. Porém não significa vulgarizar o vocabulário.
meu abraço, com carinho,
Alvaro
Essa armadura está presente no pedagogês, negociês e assim vai... Na minha opinião não mostra o quanto você sabe sobre um assunto, mas o quanto você tem medo de ser questionado rapidamente.
[]´s
Helena
Veja o que temos que fazer para decidir qual o melhor plano de telefone celular, ou ainda, alguém já leu (e entendeu) o contrato com a Google/gmail sobre privacidade ?
É, temos que deixar o mais simples ser o mais importante.