O mundo assistiu e acompanha a "Revolução Egípcia"iniciada em 25 de janeiro e que teve sua primeira meta, a retirada do ditador Hosni Mubarak do poder, atingida em 11 de fevereiro, como a maior demonstração do alcance de redes sociais desde a criação deste termo.
A imprensa que cobriu o movimento do Cairo, deu grande destaque a estratégia popular sustentada inicialmente pelas redes sociais, mais tarde ao corte de acesso a servidores internet, à execução bem sucedida do plano Google/Twitter que garantiu a comunicação naqueles dias e, após a saída de Mubarak, a utilização do Facebook, onde numa página intitulada "Sonhem Conosco"a juventude egípcia convoca a todos para a construção coletiva de ideias para um novo país, "Queremos ideias para elaborarmos um plano de ação para o Egito até 2021", disse um jovem ao jornal português Expresso.
As características de uma revolução sem líder é bem-vinda em nossos tempos e talvez aquela que mais me faz pensar em todo esse movimento e o uso da internet, que tem natureza idêntica da não liderança, da descentralização, ou mais, da pulverização da responsabilidade, sem perda de foco e com ações organizadas em tempo real. Mas será exclusividade da rede tecnológica ou a característica de rede social, independente do recurso high tech ?
Por coincidência, li na mesma semana no blog do Clemente Nóbrega, um relato ocorrido na Toyota em 1997 que, a par do fato de que a internet engatinhava naquela época, o uso da rede social por outros meios é apontado como o que salvou a empresa da crise, claramente com lideranças fora do modo de controle.
O excelente artigo de Malcom Gladwell, A revolução não será tuitada, traz vários casos em que o ativismo contrário ao status quo funcionou, independente de ferramentas sociais e tecnologias, mas justamente pela composição não hierarquizada dos movimentos, ou seja, a organização social em rede confrontando a organização institucional hierárquica, linear e tradicional.
A reflexão que faço não conduz a como os governos devem utilizar as redes sociais, mas como os governos devem ser organizados e integrados à sociedade. Sem dúvida, repensar as estruturas organizacionais das instituições públicas, preparando-as para a descentralização, em grids orientados para a prestação de serviços, com colaboração da sociedade, do planejamento à execução e controle, é tarefa difícil, mas necessária.
Talvez as tecnologias sociais facilitem esse trabalho, de fato acredito nisso, mas não acontece sem reformas estruturais nas organizações que, além de públicas precisam ser sociais.
Comentários
Sem dúvida, a história nos ensina, repetidas vezes.
abs
Alvaro