Pular para o conteúdo principal

Entre a análise e a criatividade, fique com ambas

A mensuração da produtividade na era do conhecimento vai, cada vez mais, se distanciando daquela utilizada na era industrial. Hoje em dia, notadamente nos segmentos voltados para a produção de bens e serviços mais sofisticados, o grande desafio organizacional está, primeiro, em trazer à tona a capacidade criativa de seus funcionários e, depois, em transformar esses “insights” em efetiva inovação.

Ocorre que a grande maioria das organizações, ainda hoje, possui estruturas, técnicas e normas criadas para maximizar a produtividade no sentido industrial puro, ou seja, para garantir que tarefas repetitivas sejam cumpridas com o máximo de velocidade e o mínimo de falhas. O grande referencial aqui é o cenário passado.

Quando as coisas mudam muito depressa, como ocorre na atualidade, isto não é suficiente. É preciso saber o que fazer para garantir que a vantagem competitiva atual continue ocorrendo em situações que não puderam ser observadas antes.

O mais recente livro de Roger Martin, "Design de Negócios", recém lançado no Brasil pela Elsevier/Campus, trata exatamente deste problema.

A proposta do autor, explicada ao longo da obra, é utilizar o “design thinking” como um método de trabalho que, em suas próprias palavras, busque a reconciliação entre a gestão analítica, predominantemente atrelada à produtividade no sentido industrial, e a gestão inovadora, centrada na continua criação de conhecimento novo.

Segundo o autor, organizações orientadas meramente pela análise, tenderão a perder fôlego ao longo do tempo, uma vez que a probabilidade de que estas venham a ser atingidas por algum inesperado “exocet”, isto é um produto, serviço, ou técnica revolucionária que comprometa sua competitividade, é altíssima.

Por outro lado, organizações muito criativas, mas que não saibam sistematizar seus processos, tendem a passar da euforia à depressão muito rapidamente.

Na próxima postagem, falarei mais detalhadamente sobre o que vem a ser o “design thinking” e sobre os principais obstáculos a serem vencidos para implementar este novo modelo nas organizações privadas, em busca da sustentação da lucratividade, e nos governos, na corrida pela modernização e manutenção da representatividade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cinco Princípios para Novos Serviços Públicos. Terceiro: o Governo como Plataforma

A ideia de Tim O'Reilly ao criar o termo e a abordagem de Governo como Plataforma, foi dar uma perspectiva de valor de patrimônio e de uso aos dados governamentais. Inicia explicando que as plataformas seguem uma lógica de alto investimento, onde praticamente só o Estado é capaz de investir, mas permitem à população, ao utilizarem essa plataforma, gerar riquezas. Temos um claro exemplo ao pensar em uma rodovia como esse investimento. O governo a constrói, mas a entrega aos usuários para trafegarem seus produtos, serviços, passageiros, estimular turismo e economias integradoras etc.. Em outras palavras, uma plataforma rodoviária do governo, mesmo em concessão, será usada pela sociedade, mesmo a custo de pedágios. O mesmo serve para plataformas digitais. O governo americano durante a gestão Reagan, em 1983, tornou disponível ao mundo o Sistema de Posicionamento Global - GPS. A partir do uso mundial dessa plataforma podemos calcular quantos outros produtos e serviços foram gerado...

Cases de Design Thinking em Serviços Públicos fora do Brasil

É comum que me perguntem sobre cases de uso do Design Thinking pelos governos brasileiros, sejam municipais, estaduais ou federais. Há um certo "ver para crer" na pergunta, mas há também a necessidade de mostrar aos outros, incluindo chefes e tomadores de decisão, que existe um caminho mais promissor e realizável para tratar os desafios de hoje. Minha experiência aponta mais para aquilo que fazemos no Governo do Estado de São Paulo, desde 2010, quando adotamos o DT como abordagem metodológica para entender a complexidade e resolver problemas com foco no cidadão. Nesse período vimos crescer a utilização em grandes empreendimentos como Poupatempo, Metrô, Secretarias da Fazenda, de Desenvolvimento Social e da Educação. Alguns outros exemplos e cases nacionais no setor público podem ser encontrados na Tellus , que tem atuado bastante em prefeituras e especialmente nas áreas de saúde e educação. Mas neste post quero apenas apontar para alguns links daqueles que trabalham e...

Laboratório é problema, mas a governança ajuda a resolver

É preciso considerar que um laboratório de inovação pode atrair pessoas que desprezam as regras, não tanto por rebeldia, mas como um estilo de vida, um espírito independente que busca ocupar um espaço. O lab será visto como um oásis – ou miragem – no deserto de novas ideias das corporações. Em parte isso é justificado pela aura de criatividade que envolve o novo ambiente ao transmitir uma mensagem de liberdade, com suas técnicas de ideação que estimulam a distância dos valores burocráticos e, claramente, a palavra disruptura que carrega um certo rompimento com padrões. Isso cria alguns problemas iniciais para a organização que começa o funcionamento do laboratório, tais como: se outras organizações participarão do laboratório, alguns ajustes serão necessários; a segurança física/predial pode ser fragilizada com a presença de “gente de fora”; a segurança digital terá que se adequar ao ambiente de acesso irrestrito e wifi; os horários de funcionamento podem sofrer mudan...