Em 5 de julho próximo será o início oficial da campanha eleitoral de 2010 e começa a valer o estabelecido na Lei 12.034/2009 e as orientações presentes na Resolução 23.193 do TSE, incluindo as restrições para o uso da internet.
Depois da força virtual e vital da campanha que elegeu Barack Obama, as ações eleitorais feitas através da internet, principalmente em redes sociais, ganharam maior importância dentro das discussões políticas e prometem ser uma das principais estratégias para conquistar o eleitor brasileiro. Há de se observar qual será o comportamento desse eleitor diante de uma das novidades apresentada pela nova legislação, que é a possibilidade das doações online, apresentada no parágrafo segundo do artigo 23 da Lei, que estabelece
Toda doação a candidato específico ou a partido deverá ser feita mediante recibo, em formulário impresso ou em formulário eletrônico, no caso de doação via internet, em que constem os dados do modelo constante do Anexo, dispensada a assinatura do doador.Quem leu sobre a campanha de Obama na internet sabe que as doações online atingiram os 500 milhões de dólares, segundo registra David Talbot, doados por cerca de três milhões de americanos.
Os candidatos brasileiros foram favorecidos pela nova regra geral, que diferenciou a tv e o rádio, da internet, alegando que essa seria de território livre, diferente das demais, que seriam concessões públicas.
Apesar da aparente liberdade, as campanhas virtuais devem se limitar ao site do próprio candidato (ponto can), redes sociais e debates virtuais, não sendo obrigatória a presença de representantes de todos os partidos envolvidos. Fica proibida qualquer postagem anônima, para garantir um eventual direito à resposta.
A propaganda virtual gratuita será permitida até 48h antes da votação, porém fica proibida sua veiculação, mesmo que gratuita, em sites de pessoas jurídicas e oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
As proibições limitam a campanha, porém não impedem que os candidatos mantenham-se em sites e redes de relacionamento durante todo o ano.
Como é o caso do governador José Serra, potencial candidato do PSDB à presidência, mantém seu perfil no Twitter, onde possui mais de 150 mil seguidores. Outro exemplo é a ministra Dilma Roussef, que reuniu mais de 9 mil pessoas em comunidade no Orkut. Já o deputado Ciro Gomes vai além: construiu sua própria rede social, o Movimento Ciro Gomes, onde deixa disponível os links de acesso ao seu perfil nas demais redes como Orkut, Twitter, Linkedin, Facebook, Flickr, Youtube e MySpace, ao estilo do MyBO, o hub de Obama.
Mas ainda há uma grande diferença entre o uso da internet como estratégia eleitoral para os candidatos brasileiros e a estratégia bem sucedida de Obama: o presidente norte-americano defendia propostas inovadoras e essas, casavam perfeitamente com o meio eletrônico como forma de comunicação direta com seus eleitores. Ou seja, não basta que se use de meios inovadores se as propostas apresentadas não o acompanham.
Outras diferenças na estrutura das campanhas e do público, puderam ser observadas em palestra dada pelos estrategistas de Obama, durante o 1º Seminário de Estratégia de Comunicação e Marketing da George Washington University. Nesse vídeo, Ben Self explica que o objetivo americano não era apenas conseguir votos pela web, mas recrutar voluntários para trabalharem pela campanha, mostrando que a política é vista com paixão e como expressão do patriotismo.
Em outro momento, Jason Ralston, responsável pela criação publicitária da campanha de Obama, diz que acredita que o Brasil sentirá pela primeira vez a importância da internet em uma campanha política, apesar das limitações como a falta de acesso de parte da população.
Não há dúvidas de que a campanha de 2010 será aquela que consagrará a internet como mídia política. Fico curioso ao pensar nas reações dos candidatos frente a um meio interativo, de troca e de ação em tempo real. Penso com otimismo o nascimento de uma nova geração de candidatos e eleitores.
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