No caminho do uso colaborativo da internet fortalecido pelo governo Obama, seguido pela iniciativa européia da Open Declaration on Public Services 2.0, chegou a hora do Governo de Portugal mostrar as iniciativas que aproximam cidadão e governo para a coesão do futuro.
A primeira iniciativa lusa, comentada aqui, revelou os primeiros passos portugueses rumo a essa direção. Agora, o projeto Eu Participo pretende fazer com que os cidadãos de todo o país colaborem, sugerindo melhorias e denunciando maus cuidados na região onde moram.
É possível também, anexar vídeos explicativos às propostas que receberão comentários e votos de outros internautas.
As mais votadas, mais comentadas e mais recentes ficam prioritariamente expostas no site. E se você, por curiosidade, clicar apenas para descobrir quais as necessidades de um país europeu, poderá ir além: em alguns dos inúmeros vídeos explicativos postados no canto superior da página aprenderá a fazer uma área de plantações no seu telhado ou saberá a quantas anda a campanha pelo uso de sacolas de pano. Os portugueses não estão ali apenas para reclamar, mas para sugerir melhorias para o bem comum.
A iniciativa, entretanto, parte de uma empresa, a OceanLab que, diferente dos exemplos anteriores, não explica claramente o que acontecerá com as idéias registradas.
Temo por esse tipo de iniciativa desagregada do poder público, pois novamente dá a entender que as ferramentas existem, e nesse caso até o estímulo de participação popular, mas como será a recepção política disso tudo fica sem resposta.
Com proposta similar, porém com o devido amparo político, a Câmara Municipal de Lisboa está promovendo o Orçamento Participativo 2010 online e colaborativo. As propostas são enviadas e votadas pelo cidadão. Cada uma delas poderá apresentar um projeto com o limite máximo de gasto de cinco milhões de euros. As mais votadas serão incluídas no orçamento municipal do próximo ano.
Uma cidade construída por governantes e munícipes, através da internet. Um projeto inovador como esse, só poderia ganhar o título de “boa prática de governo urbano”, reconhecido pela UN-Habitat, da Organização das Nações Unidas – ONU.
Vale lembrar que parte do sucesso do espaço dado às boas propostas, depende também da base cultural e educacional que o próprio Governo oferece à população. Sem ela, é difícil crer que as pessoas estejam dispostas a envolverem-se com os problemas da sociedade sem antes resolverem seus próprios problemas. Antes da evolução tecnológica, precisamos ter garantias de que já houve uma evolução humana.
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