Pular para o conteúdo principal

Transparência Olímpica

Então a cidade do Rio de Janeiro será a sede das Olimpíadas de 2016 e, deixando de lado a inundação de notícias que alagou toda a mídia durante essa semana, caímos na real e não nos deixemos iludir pelos argumentos do quanto isso é bom para a economia, para a imagem do país ou para o esporte.

Ainda não temos uma política de esportes, mais de 95% das escolas não tem nenhuma quadra para a prática esportiva. Na economia, é contar com o ovo na galinha, se tomarmos o que aconteceu em Montreal, sede olímpica de 1976, vemos que a cidade canadense só acabou de pagar as contas do evento em 2006. Quanto à imagem, que afaste não somente as questões de segurança mas, essencialmente, os riscos de corrupção... bem, isso deve começar imediatamente... e parece que começou.

A prefeitura da cidade do Rio lança hoje o site Transparência Olímpíca, no qual promete prestar contas de onde vem e para onde vai o dinheiro despendido (ou investido, para os incautos) na montagem das Olimpíadas de 2016. Comentando o site, prefeito Eduardo Paes afirmou ao JBOnline:
"Pretendemos colocar esse site para incluir o planejamento estratégico da Prefeitura. O site servirá para consulta do que está sendo gasto, de onde vem e em que está sendo aplicado o dinheiro."
Torço, como se fosse por uma medalha de ouro para a equipe nacional, que o site traga as informações reais e compreensíveis, a exemplo do site Recovery, criado pela Casa Branca para que o cidadão acompanhe o caminho do dinheiro da recuperação econômica americana. É importante aceitar o princípio de que a transparência não é apenas a informação se encontrar disponível, é fazê-la compreensível ao cidadão comum.


Post post>> Um anônimo comentou (no link abaixo do post) indicando que o site dispõe de API's, que são pequenos aplicativos que permitirão o acesso e a mesclagem dos dados do site. Estão em API Transparencia olimpica.

Comentários

Anônimo disse…
O site expõe uma API de consulta dos dados em tempo real, dessa forma é possível criar um ecosistema de sites que acessam diretamente os dados do transparenciaolimpica.com.br e que podem servir como auditores dos gastos da olimpiada até então.

API Transparencia olimpica
Olá, Administrador! Concordo plenamente com você sobre as Olimpíadas. Não me iludo. Não é pessimismo. É realismo. A corrupção se espraia nesse país e nós precisamos acordar, ficarmos em alerta e parar de acreditar nesses caras que pensam que somos todos imbecis. Seu blog é muito interessante. Vou segui-lo. Abraços, Sônia Silvino.
Alvaro Gregorio disse…
Olá Sônia,

Nossa realidade dá provas que devemos ficar alertas ao tratar do dinheiro público. É estranha a comemoração, por exemplo, de que o governo federal empresta dinheiro ao FMI e dá calote no contribuinte do IR.
Cautela, canja de galinha e transparência são recomendadas.
Grato pelo comentário.

Alvaro Gregorio

Postagens mais visitadas deste blog

Cinco Princípios para Novos Serviços Públicos. Terceiro: o Governo como Plataforma

A ideia de Tim O'Reilly ao criar o termo e a abordagem de Governo como Plataforma, foi dar uma perspectiva de valor de patrimônio e de uso aos dados governamentais. Inicia explicando que as plataformas seguem uma lógica de alto investimento, onde praticamente só o Estado é capaz de investir, mas permitem à população, ao utilizarem essa plataforma, gerar riquezas. Temos um claro exemplo ao pensar em uma rodovia como esse investimento. O governo a constrói, mas a entrega aos usuários para trafegarem seus produtos, serviços, passageiros, estimular turismo e economias integradoras etc.. Em outras palavras, uma plataforma rodoviária do governo, mesmo em concessão, será usada pela sociedade, mesmo a custo de pedágios. O mesmo serve para plataformas digitais. O governo americano durante a gestão Reagan, em 1983, tornou disponível ao mundo o Sistema de Posicionamento Global - GPS. A partir do uso mundial dessa plataforma podemos calcular quantos outros produtos e serviços foram gerado

Cases de Design Thinking em Serviços Públicos fora do Brasil

É comum que me perguntem sobre cases de uso do Design Thinking pelos governos brasileiros, sejam municipais, estaduais ou federais. Há um certo "ver para crer" na pergunta, mas há também a necessidade de mostrar aos outros, incluindo chefes e tomadores de decisão, que existe um caminho mais promissor e realizável para tratar os desafios de hoje. Minha experiência aponta mais para aquilo que fazemos no Governo do Estado de São Paulo, desde 2010, quando adotamos o DT como abordagem metodológica para entender a complexidade e resolver problemas com foco no cidadão. Nesse período vimos crescer a utilização em grandes empreendimentos como Poupatempo, Metrô, Secretarias da Fazenda, de Desenvolvimento Social e da Educação. Alguns outros exemplos e cases nacionais no setor público podem ser encontrados na Tellus , que tem atuado bastante em prefeituras e especialmente nas áreas de saúde e educação. Mas neste post quero apenas apontar para alguns links daqueles que trabalham e

Laboratório é problema, mas a governança ajuda a resolver

É preciso considerar que um laboratório de inovação pode atrair pessoas que desprezam as regras, não tanto por rebeldia, mas como um estilo de vida, um espírito independente que busca ocupar um espaço. O lab será visto como um oásis – ou miragem – no deserto de novas ideias das corporações. Em parte isso é justificado pela aura de criatividade que envolve o novo ambiente ao transmitir uma mensagem de liberdade, com suas técnicas de ideação que estimulam a distância dos valores burocráticos e, claramente, a palavra disruptura que carrega um certo rompimento com padrões. Isso cria alguns problemas iniciais para a organização que começa o funcionamento do laboratório, tais como: se outras organizações participarão do laboratório, alguns ajustes serão necessários; a segurança física/predial pode ser fragilizada com a presença de “gente de fora”; a segurança digital terá que se adequar ao ambiente de acesso irrestrito e wifi; os horários de funcionamento podem sofrer mudan